O primeiro mês do ano propõe reflexões sobre recomeços, revisitar emoções e últimos desafios da vida, pensamentos e comportamentos. Quando se trata de saúde mental na empresa, “Janeiro Branco” foca a atenção para construir discussões e ações sobre o tema.
A priorização do bem-estar mental
No dia 27 de julho de 2021, o twitter oficial do órgão de ginástica dos Estados Unidos postava que Simone Biles, já vencedora de medalhas na edição anterior dos jogos olímpicos e favorita da equipe no momento, havia desistido de competir nas modalidades de solo, salto e barras assimétricas.
Em primeiro lugar, a postagem surpreendeu muitas pessoas, pois Simone era uma das atletas americanas com maiores expectativas individuais desde a última olimpíada. Ela alegou que a interrupção na competição era necessária para preservar sua saúde mental. Após a decisão de Simone, outros atletas como Naomi Osaka, Rebeca Andrade, ex-atletas olímpicos e jornalistas esportivos comentaram sobre como a questão da saúde mental afeta a performance nas provas.
O que os dados nos falam sobre saúde mental
Quando paramos para analisar os dados das últimas pesquisas relacionadas à saúde mental (não limitado à empresas), nos deparamos com um cenário preocupante.
- Os dados da World Mental Health Day 2021 (Ipsos) mostraram que 53% dos entrevistados brasileiros relataram piora na saúde mental em 2020. Isso posiciona o Brasil em quinto lugar de 30 países pesquisados.
- Em 2019, já tomávamos o posto de país mais ansioso do mundo, com aproximadamente 9% da população total daquele ano (Fonte: OMS).
- Também ocupamos o segundo lugar de nação com mais casos de depressão (OMS).
- Uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR) sobre burnout estimou que 33 milhões de brasileiros já tinham sofrido da síndrome.
Por conta de tais dados e da necessidade inerente de se falar sobre saúde mental, campanhas de conscientização foram criadas nos últimos anos, como o setembro amarelo. O décimo dia do mês é considerado oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, porém a campanha ocorre o ano todo.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) criaram a data, e outras instituições adotaram como data de conscientização interna. O Janeiro Branco também está se popularizando nos últimos anos, e desde 2014 seu objetivo é chamar a atenção para as questões relacionadas à saúde mental e emocional.
Os dados mostram a urgente importância de refletir e dialogar com transparência, respaldo e maturidade sobre os assuntos relacionados à saúde mental em todas as esferas.
Como é vista a saúde mental na esfera do trabalho?
Em muitos ecossistemas de trabalho, ainda é tabu falar sobre saúde mental. Contudo, em Janeiro de 2022, os trabalhadores avançaram mais um passo em seus direitos trabalhistas, pois a OMS passou a ser reconhecer o burnout como doença ocupacional, sendo caracterizado como “estresse crônico de trabalho não administrado com sucesso”. Isso significa que em caso de burnout, colaboradores terão maior respaldo jurídico, e que as organizações deverão promover mais o autocuidado no geral.
No que tange o ambiente de trabalho, falar sobre saúde mental nas empresas deve ir muito além de receios de sofrer processos e ações trabalhistas. Quando pensamos em um bom local de trabalho, idealizamos uma atmosfera psicologicamente segura, onde as pessoas tenham um interesse genuíno umas pelas outras. Consequentemente, a saúde mental de cada uma é priorizada e respeitada.
O resultado do interesse genuíno
As relações de trabalho que se pautam no interesse genuíno geram melhores conexões. Uma vez que atendem as três necessidades fundamentais do ser humano: errar sem ser julgado, ser ouvido na essência e sentir-se amado e pertencido. Quando temos essas três necessidades atendidas, nos conectamos verdadeiramente com o outro, e conseguimos contribuir com o desenvolvimento dessa pessoa.
Líderes e gestores já estão cientes da importância da motivação dos colaboradores, e de seu impacto para um bom resultado entregue. Quando um membro de equipe está desmotivado ou acometido com a saúde mental na empresa, a equipe também se afeta um pouco. Por consequência, isso impacta resultados, clima interno e reforça a necessidade de atenção cuidadosa com cada indivíduo da equipe, para notar até mudanças sutis de humor e comportamento.
Disfunções mentais não discriminam. Fique atento!
Todas as pessoas estão suscetíveis à distúrbios mentais. Até Simone Biles, a atleta americana renomada mencionada previamente. Essas doenças não discriminam idade, gênero, profissão, nem senioridade. É vital se atentar aos sinais em colaboradores e colegas. Confira três maneiras de identificar se alguém precisa de acolhimento:
- Fique atento às mudanças de humor. Ficar mal humorado é normal, tornar-se reativo não;
- Note alterações de comportamento. Devemos nos preocupar se os colaboradores engajam menos, participam menos nos momentos e atividades do trabalho, atrasam em entregas ou entregam com qualidade afetada;
- Pergunte sobre a vida após o trabalho. Nossa vida pessoal tem uma influência muito grande em como nos sentimos no ambiente de trabalho. Apesar da divergência entre os termos “vida pessoal” e “vida profissional”, somos apenas um, e as esferas se afetam entre si. Saber se o colaborador está passando por alguma situação delicada em sua vida pessoal pode ajudar a compreender alguma mudança ou realizar ajustes e acomodações temporárias, retomando motivação, direção e engajamento.
Coloque em prática no dia a dia
Infelizmente, sabemos que doenças relacionadas à saúde mental não se resolvem com um passe de mágica. Contudo, convivemos com muitas delas diariamente, fazendo-se necessário aprender como lidar e ajudar quem tem alguma doença ou síndrome, e nunca menosprezando quando alguém relata como está se sentindo. É simples e essencial tomar algumas ações diárias:
- Pergunte antes de todas as reuniões como as pessoas estão se sentindo;
- Marque reuniões one-on-one para falar de assuntos não relacionados necessariamente com o trabalho;
- Aproveite alguns momentos para cafés e momentos descontraídos;
- Sempre que possível, mostre-se disponível para conversar sobre o tema sem julgamentos;
- Relembre quão relevante falar sobre saúde mental na empresa é em momentos individuais e em reuniões de time;
Dialogar abertamente sobre bem-estar mental é inevitável, e também improrrogável. O tema exige preparação para se abordar de maneira responsável, e quanto antes a instituição o fizer, melhor. A ajuda profissional em casos de algum colaborador ou você, gestor, não estar se sentindo bem é imprescindível. Esperamos que a partir do conteúdo do artigo, falar sobre saúde mental na sua empresa ou time fique mais transparente e desestigmatizado!
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