Employee Experience: conheça a importância deste conceito para a gestão estratégica de pessoas

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Não é segredo para ninguém que o sucesso de toda e qualquer empresa passa pelos colaboradores. Portanto, contar com uma gestão estratégica de pessoas é fundamental para as companhias que buscam se destacar no mercado.

Afinal, quanto mais valorizado e satisfeito um profissional se sentir no local em que trabalha, maior será a sinergia dele com outros colegas de equipe, bem como a sua produtividade na execução de tarefas.

Tal percepção, alinhada à preocupação de melhorar a atração de profissionais de alto desempenho, a retenção de talentos e a melhora do clima organizacional, colaborou para que o conceito Employee Experience se tornasse uma tendência global Tendo como referência as práticas de Customer Experience (experiência do cliente), o Employee Experience consiste, basicamente, em trazer o colaborador para o foco central das decisões tomadas pela área de Recursos Humanos (RH), com o objetivo de ajudar as empresas a fortalecerem o vínculo com seus times, transmitirem seus valores e obterem resultados incríveis em performance.

Logo, as empresas viram nesta filosofia a oportunidade de criar uma vivência significativa para os colaboradores, colocando-os no centro da jornada, com todos os seus interesses, necessidades e dores, no centro das decisões tomadas pelo RH nas mais diversas etapas, como na atração, recrutamento, onboarding e desenvolvimento de pessoas.
Sabendo da importância que o Employee Experience desempenha cada vez mais no meio corporativo, conversamos com Luiz Eduardo Drouet, Managing Partner na Share RH, para entender um pouco mais sobre o assunto e ver como colocá-lo em prática.

Confira o resultado deste bate-papo na sequência.

Para começar, qual a real importância que o Employee Experience tem para as empresas?

LED: Este conceito tem transformado a forma como as organizações olham para os seus colaboradores de duas maneiras principais: primeiramente, o Employee Experience se concentra na experiência dos colaboradores e nas percepções deles, o que pode parecer óbvio em um primeiro momento. Mas, é importante observar que, no dia a dia corporativo, isso é algo muito fácil de se perder em meio às burocracias e outras prioridades.

O segundo ponto é que esse modelo pressupõe um olhar de jornada, desde o momento em que as pessoas ainda são potenciais candidatos, até o momento do offboarding, que é quando o vínculo entre a pessoa e a organização já não existe, seja por decisão da empresa ou do colaborador.

Organizações que seguem essa filosofia e atuam com foco na melhoria da experiência do colaborador, fortalecem suas culturas e climas organizacionais, aumentando o engajamento e a performance da equipe, atraindo os melhores profissionais e retendo os talentos mais importantes. Consequentemente, essas empresas se tornam mais competitivas no mercado, gerando resultados significativamente melhores para os clientes, acionistas e outros stakeholders.

E quais as boas práticas que se destacam no mercado, hoje, quando falamos em Employee Experience?

LED: A primeira prática é o mapeamento da jornada do colaborador, considerando todos os pontos de contato das pessoas com a organização, como, por exemplo, as etapas de atração, recrutamento, Onboarding, desenvolvimento e Offboarding.

Fazer a avaliação dessas experiências sob as perspectivas dos profissionais é fundamental. Lembrando que, para compreender os colaboradores, é preciso escutar o que eles têm a dizer, coletar feedbacks e, claro, estar aberto a sugestões. Após esse levantamento, ficará mais fácil investir em estratégias de motivação alinhadas com os interesses de cada grupo.

A segunda prática é o aprofundamento das necessidades, expectativas e oportunidades de melhoria da experiência dos colaboradores por meio de pesquisas de empatia ou projetos de Design Thinking com esse foco. Por fim, é fundamental avaliar os resultados desde a partida, para mensurar os avanços e retrocessos, além de priorizar as ações de maior impacto.

Ao colocar as ações de Employee Experience em prática, é preciso ter em mente que, muitas vezes, o ambiente de trabalho é a segunda casa dos profissionais. Por isso, as estratégias devem visar, também, a construção de um ambiente de trabalho favorável, no qual os colaboradores gostem de estar e possam se sentir à vontade.

Por falar em avaliação dos resultados, outra prática que tem ganhado força e que contribui com as estratégias de Employee Experience é o People Analytics. Poderia falar sobre essa relação?

LED: O People Analytics é uma metodologia que tem como princípio a coleta, organização e análise de dados aplicada à gestão de pessoas, a fim de permitir uma tomada de decisão mais assertiva nesta frente.

Quando pensamos em People Analytics, portanto, estamos falando de uma gestão estratégica de pessoas orientada por dados. Esses dados, por sua vez, podem ajudar o RH a compreender se os processos que suportam as estratégias de Employee Experience estão performando bem, na medida em que mostram se as pessoas estão satisfeitas com suas jornadas dentro das empresas e quais impactos as experiências positivas tem nos resultados da organização.

Para que o gestor possa atuar nesse processo, no entanto, é preciso partir de dois pontos fundamentais:

1) o registro de todos os dados relevantes envolvendo colaboradores;
2) saber escolher os dados corretos para analisar e priorizar projetos que trarão insights relevantes para a gestão de pessoas e dos negócios.

Muitas empresas percebem, ao iniciar suas jornadas de People Analytics, que não conseguirão avançar muito nas análises simplesmente pela falta de um histórico consistente de informações sobre os colaboradores. Então, o registro de dados é uma etapa fundamental.

Quais os principais dados que devem ser registrados e como eles podem transformar o trabalho do RH?

LED: Respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas devem registrar todos os dados relacionados aos colaboradores, como: data de admissão, assiduidade, períodos de férias, avaliações de desempenho, promoções, entre outros.

De forma geral, quanto mais completa e detalhada a base de dados, mais correlações e análises serão possíveis para a equipe de People Analytics. Em um projeto de inteligência artificial, por exemplo, são necessários pelo menos cinco anos de registro de dados completos, para que seja desenvolvido um algoritmo capaz de prever riscos de turnover e projetar quais colaboradores estão mais propensos a deixar a organização em um futuro próximo.

O que muda para o trabalhador quando o RH trabalha com o People Analytics?

LED: O colaborador que faz parte de uma organização com forte atuação em People Analytics certamente terá suas necessidades mapeadas de forma consistente e terá uma experiência mais positiva em sua jornada de trabalho. Como consequência, ele tende a estar mais engajado, com performance superior e desenvolvimento constante de suas habilidades técnicas e comportamentais.

Como a união entre o Employee Experience e o People Analytics contribui com a cultura organizacional e, consequentemente, com o sucesso dos negócios?

LED: Quando a gestão de pessoas coloca a jornada do colaborador no centro do processo de decisões (Employee Experience), utilizando dados que contribuirão para a tomada de decisões assertivas (People Analytics), isso certamente contribuirá para que o clima organizacional da empresa seja favorável ao engajamento e para que a cultura organizacional esteja refletida no dia a dia da organização.

Mas, para que isso seja possível, é importante que o RH trace uma jornada de Employee Experience que esteja alinhada à cultura da organização, promovendo a imersão dos colaboradores nos valores que são essenciais para a empresa.

Vale lembrar que a cultura organizacional é formada a partir de crenças e ideias que uma companhia possui e que afetam a maneira com que ela faz negócio, bem como a forma com que os colaboradores se comportam.

Neste sentido, uma cultura organizacional forte e clara tem se mostrado cada vez mais importante para o sucesso dos negócios, pois, orienta as tomadas de decisões de forma natural e contribui para que todos caminhem rumo ao mesmo objetivo.

E que de forma essa tríade (Employee Experience, People Analytics e Cultura/Clima Organizacional) contribui para uma visão mais humanista em relação ao colaborador?

LED: A visão humanista certamente é fortalecida por meio dessa tríade. Tão importante quanto um ideal de gestão humanizada, é levar para a prática essa valorização dos colaboradores por meio de processos e projetos consistentes, que coloquem o ser humano em primeiro lugar, considerando suas necessidades e individualidades.

Falando um pouco sobre o cenário atual, como o trabalho remoto e o distanciamento social impactam o Employee Experience?

LED: O contexto do trabalho remoto e o distanciamento social representam um desafio adicional para as organizações garantirem experiências excelentes para seus colaboradores. Ao mesmo tempo, atuando com diversas empresas no mercado, pudemos verificar desde o início da pandemia, que as organizações que já vinham trabalhando focadas na jornada do colaborador, tiveram muito mais facilidade para se adaptar a essa nova conjuntura, em comparação com empresas em que o conceito de Employee Experience ainda não era desenvolvido.

O segredo está em desenvolver uma cultura remota que fortaleça a experiência dos colaboradores, preservando aquilo que continua fazendo sentido, e, principalmente, adaptando rituais e processos para atender necessidades específicas do trabalho remoto por meio de novas práticas.

Para finalizar, o que podemos esperar daqui para frente sobre os modelos de trabalho?

LED: Primeiramente, é importante considerar que a experiência do trabalho remoto atual está profundamente impactada pela pandemia e pelo isolamento social. Enquanto algumas poucas empresas voltarão imediatamente ao modelo tradicional assim que a pandemia acabar, o cenário mais provável é que a maior parte das companhias adote modelos híbridos.

Neste caso, é fundamental que as empresas não apenas saibam aproveitar ao máximo os benefícios do trabalho remoto, especialmente em um contexto pós-pandêmico, mas que também criem momentos e dinâmicas presenciais, a fim de aproveitar o melhor dos dois mundos.

Se você gostou deste conteúdo e quer saber ainda mais sobre Employee Experience e outros temas referentes à gestão estratégica de pessoas, clique aqui e confira a entrevista concedida por Luiz Drouet durante o RH Summit.

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